Cruzei com um moço parado, de pé, perto da porta de um banco. Já quase terminando no caixa eletrônico, reparei que o rapaz da entrada estava, agora, atrás de mim, próximo. Saquei um dinheiro e fui saindo, quando ele se aproximou ainda mais e disse bem baixo: “Oi, você pode depositar um dinheiro pra mim?”. Magro, de bermuda e camisa, aparentava ter mais de 40 anos. Eu disse que podia, sem bem entender, ainda, se ele queria que eu colocasse dinheiro meu pra ele ou… Ele logo estendeu o braço e me entregou um envelope fechado.
E continuou falando baixinho: “É só você colocar nesta conta aqui”, e me passou um papel com uma letra diferente da do envelope com o dinheiro. Li o nome anotado junto à conta no papel e quis saber: Você é o Antônio Costa? “Sim, o dinheiro é pra mim mesmo”. Perguntei a ele pelo cartão do banco, ele não tinha. “Mas não precisa, não, dá pra depositar sem cartão”, explicou. “Deposita na minha poupança, por favor?”.
Na hora de colocar o valor, eu lembrei que ele ainda não me havia falado. “Moço, é 15 reais que tem no envelope”. E abaixou a cabeça, depois de olhar pro lado. Eu terminei, ele esperou o comprovante sair. Antônio, miúdo, até então, muito sério, abriu um sorriso e me agradeceu. E já logo foi saindo do banco, como se estivesse com pressa, muita pressa para o sol das três horas da tarde. Fazia muito sol em Belo Horizonte, às três horas da tarde.